Galeno


Cláudio Galeno ou Élio Galeno, em latim Claudius Galenus e grego Κλαύδιος Γαληνός, (Pérgamo, c. 129 - provavelmente Sicília, ca. 217), mais conhecido como Galeno de Pérgamo foi um proeminente médico e filósofo romano de origem grega, e provavelmente o mais talentoso médico investigativo do período romano. 

Suas teorias dominaram e influenciaram a ciência médica ocidental por mais de um milênio. 

Seus relatos de anatomia médica eram baseados em macacos, visto que a dissecação humana não era permitida no seu tempo, foram insuperáveis até a descrição impressa e ilustrações de dissecções humanas por Andreas Vesalius em 1543.

Desta forma Galeno é também um precursor da prática da Vivissecção e experimentação com animais.

A maioria de suas obras e seus estudos se perderam. Sabe-se, contudo, que Galeno investigou anatomia, fisiologia, patologia, sintomatologia e terapêutica. Foi o mais destacado médico de seu tempo e o primeiro que conduziu pesquisas fisiológicas.


De curandi ratione

Galeno fez muitas importantes descobertas, como distinguir as veias das artérias, o sangue venoso do arterial, propor pela primeira vez que o corpo fosse controlado pelo cérebro, dando a distinção entre nervos sensoriais e motores, descobrindo que os rins processam a urina e demonstrando que a laringe é responsável pela voz.

 A descrição feita por Galeno das atividades do coração, artérias e veias durou até que William Harvey estabelecesse que o sangue circula com o coração agindo como uma bomba em 1628.

No século XIX, os estudantes de medicina ainda liam Galeno para aprender alguns conceitos. 

Galeno desenvolveu muitas experiências com ligações nervosas que apoiaram a teoria, ainda aceita hoje, de que o cérebro controla todos os movimentos dos músculos por meio do crânio e do sistema nervoso periférico.
De curandi ratione

Por volta de 170, Galeno realizou uma experiência que iria mudar o curso da medicina: demonstrou pela primeira vez que as artérias conduzem sangue e não ar, como até então se acreditava. 

No campo da anatomia, Galeno distinguiu ainda os ossos com e sem cavidade medular. 

Descreveu a caixa craniana e o sistema muscular. Pesquisou os nervos do crânio e reconheceu os raquidianos, os cervicais, os recorrentes e uma parte do sistema simpático. 

Galeno também foi o primeiro a demonstrar (baseado em experiências) que o rim é um órgão excretor de urina. Farmacologia também interessava Galeno.

Galeno também foi um conhecido cirurgião, e muitos dos seus procedimentos e técnicas, ousados demais para seu tempo, só seriam usadas novamente alguns séculos depois, como por exemplo sua intervenção cirúrgica para correção da catarata.

Em vista das limitações técnicas (em especial limitações ópticas), Galeno inevitavelmente acabou cometendo erros. Não era possível ver o que se passava no interior dos órgãos. 

Seus dois maiores erros ocorreram em sua teoria da circulação e na sua ideia de que cada órgão realiza sua função própria devido a uma ação de forças que atuavam sobre os órgãos. 

Segundo Galeno, o sangue circulava devido ao impulso ou força atrativa cuja origem era a própria parede da artéria. Tal concepção foi estendida para todos os órgãos. 

O respeito pelas teorias de Galeno era tão grande que levou mais de quinze séculos para que sua teoria das forças fosse contestada (já que os médicos consideravam suas teorias infalíveis).

Foi graças à difusão da medicina árabe e ao médico inglês William Harvey que os erros de Galeno neste assunto foram corrigidos.

Galeno escreveu uma pequena obra chamada "O Melhor Médico é Também um Filósofo", e ele via a si próprio como sendo ambos, o que significava embasar a prática médica no aparente conhecimento teórico ou "filosofia", como era chamado em seu tempo.

Galeno estava muito interessado na disputa entre as facções médicas racionalistas e empiristas, e sua utilização da observação direta, dissecação e vivissecção na formação médica e como forma de fundamentar a prática médica pode ser entendida como tendo considerado ambas as perspectivas e construído um fundamento mais complexo e mesclado que evitou problemas com cada posição.



É importante localizar a palavra “humor” na história: na antiguidade greco-romana, o termo relacionava-se a líquidos e fluídos. 

A evolução de seu significado desenvolveu-se em direção a “estado de espírito”. Um sujeito “bem-humorado”, portanto, seria alguém com bons humores/líquidos em seu interior.

Então, para entender a Teoria dos Humores, devemos compreender suas raízes:

O filósofo grego Empédocles (c.495-435 a.C) sugeriu que os quatro elementos (água, ar, fogo e terra) e suas características (temperatura e umidade/secura) poderiam explicar a existência de qualquer substância.

O médico Hipócrates, (460 a.C.-377 a.C.), considerado o pai da Medicina ocidental, teve a filosofia como sua aliada. 

Assim, desenvolveu um modelo médico baseados nestes quatro elementos, atribuindo suas características a fluidos corporais – os humores. Assim, a saúde decorreria de seu equilíbrio, enquanto excessos e faltas explicariam estados de doença.

Foi com o médico Galeno (c.129-c.201 d.C.) que a medicina de base hipocrática chegou ao seu ápice. Ele expandiu a teoria, relacionando-a à personalidade e às inclinações emocionais e comportamentais dos indivíduos.

Logo, foi desenvolvida a teoria dos humores/temperamentos. Ela consiste na hipótese de cada corpo ser formado por misturas dos quatro elementos, de forma que cada ser nasceria com uma combinação deles.

A predominância de algum elemento acarretaria em um temperamento. Seriam eles:
  • Sanguíneo – em sujeitos que possuem excessivamente sangue. Suas decorrentes características seriam alegria, otimismo, confiança e extroversão. 
  • Fleumático – em sujeitos que possuem excessivamente fleuma. Suas decorrentes características seriam timidez, apatia, lerdeza, cansaço e coerência.
  • Colérico – em sujeitos que possuem excessivamente bile amarela. Suas decorrentes características seriam irritabilidade, intensidade, impulsividade e rapidez. 
  • Melancólico – em sujeitos que possuem excessivamente bile negra. Suas decorrentes características seriam inclinação artística, tristeza, medo e introversão.
Assim, para a promoção de saúde, o estudioso recomendava cuidados em relação ao ambiente, sono, repouso, à alimentação e às paixões.

Seus ditos perduraram até o Renascimento, quando advieram novas pesquisas.

Embora a teoria não faça parte da Psicologia atual, foi notável sua contribuição na área. No mais, vale citar que ela contribuiu aos estudos de Kant, Wundt e da Companhia de Jesus.

Referências bibliográficas:

Comentários

Postagens mais visitadas