Panizzi - parte 1

 

Antonio Genesio Maria Panizzi, nome de nascença de Antonio Panizzi, nasceu em 1797, na pequena cidade de Brescello, na Itália.

Era filho de um químico e farmacêutico chamado Luigi Panizzi e de Caterina Gruppi. A família era simples e toda proveniente de Brescello, uma pequena cidade no ducado de Modena. 

A Itália passava por um período delicado nessa época: estava dividida e sob domínio austríaco, espanhol e francês e com fortes movimentações de grupos revolucionários, como os Carbonari. 

Panizzi nasceu e cresceu com esse cenário ao seu redor. Destacou-se com um bom desempenho durante o ensino básico e ganhou a proteção de um de seus professores, que o auxiliou na sua educação futura.

O jovem, que tinha avós advogados de ambos os lados familiares, foi influenciado em sua escolha e decidiu seguir a mesma carreira. Panizzi ingressou na faculdade de direito, em Parma em 1814, e se formou em 1818. 

Durante seus anos de graduação, ele se tornou amigo de Angelo Pezzana, bibliotecário da Biblioteca Parmense. O bibliotecário foi uma grande influência na formação do jovem e o introduziu no universo dos livros, das obras raras, das edições com impressões delicadas e o encantou com uma biblioteca bem organizada, ensinando-o do que realmente se tratava a Biblioteconomia.

Nessa mesma época, Panizzi se aproximou de grupos políticos e liberais que defendiam a unificação italiana e sua independência. Durante sua graduação, ele se tornou membro, senão dos próprios Carbonari, de alguma associação próxima, com a qual, com o passar dos anos, ele iria se envolver cada vez mais, conhecendo outros grupos e criando uma rede de amizades. 

Após sua graduação, Panizzi retornou a Brescello para viver uma vida dupla: ele era, ao mesmo tempo, um funcionário público do ducado de Modena e membro da Sublimi Maestri Perfetti, um grupo extremista conhecido por ser mais radical que os próprios Carbonari. Ele foi iniciado até os mais elevados graus da sociedade e passou a correr risco por suas conexões. 

Diversos amigos seus haviam sido presos e parecia uma questão de tempo para que sua vida dupla fosse descoberta. Em meados de 1822, a situação dos grupos liberais começou a ficar cada vez mais difícil.

Os governos iniciaram uma perseguição aos supostos membros de grupos radicais e, com o aumento das prisões, aumentaram também o número de membros confessos. Panizzi, percebendo que a situação estava se agravando e sabendo que seu nome já havia sido mencionado em confissões, começou a fazer preparativos para fugir de Brescello. Providenciou passaporte e documentações necessárias e aguardou o melhor momento. 

Assustado com a situação em Modena e com as prisões e torturas a presos cada vez mais frequentes, ele decidiu deixar Brescello e tentou uma fuga para outra região da Itália. Ele logo percebeu que a decisão havia sido precoce e o colocava em uma situação ainda mais delicada e resolveu retornar ao ducado para esperar lá, da forma mais discreta possível, que os boatos sobre ele se dissipassem. 

Contudo, os esforços foram em vão, e alguns meses após retornar, Panizzi recebeu ordem de prisão. Antes da ordem ser cumprida, Panizzi foi avisado por um amigo e protetor que seria preso e lhe enviou ordens para fugir. Sabendo do que aconteceria, ele se despediu do pai e, com a documentação já preparada, iniciou sua fuga. 

Ele cruzou as fronteiras italianas com alguma dificuldade, mas conseguiu chegar a Lugano, na Suíça. Ali permaneceu durante algum tempo, o suficiente para fazer alguns escritos com críticas acirradas contra a situação na Itália e, mais precisamente, a situação em Modena. Percebendo que não estava seguro ali, partiu para Genebra, que ainda estava muito próxima do domínio austríaco. Decidiu, por fim, ir para a Inglaterra, buscando um país forte que receberia exilados de braços abertos.

PEDRÃO, Gabriela B. A construção do catálogo de Panizzi: Uma análise documental. Tese (Doutorado) – Curso de Ciência da Informação, Universidade Estadual Paulista, Marília-SP, 2019

Comentários

Postagens mais visitadas