Gabriel Naudé e sua contribuição para a biblioteconomia


Gabriel Naudé nasceu em 2 de fevereiro de 1600, em Paris, que fica situado na França, época em que o "Bom Rei Henrique", mais conhecido como Henrique IV de França, ainda governava o país.

Naudé nasceu em uma família respeitável, foi educado em uma escola religiosa e também cursou a universidade. Obtendo conhecimentos em arte (e tornou-se mestre no assunto), literatura, filosofia (junto com Pierre Padet) e medicina (junto com René Moreau), por isso é intitulado como polímata.

Gabriel escreve seu primeiro livro em 1620, intitulado como "Le Marfore ou discours conte le libelles", com esse livro ele tentou desmentir os panfletos que circulavam pelas ruas parisienses, que tinham o intuito manchar a reputação do rei que governava a França (Rei Luis XIII da França) naquela época.

Passados seis anos em que Naudé publicou a obra, houve o convite para trabalhar para Henrique II de Mesmes (presidente do parlamento), e sua tarefa era organizar a biblioteca. O interesse do presidente do parlamento era criar uma biblioteca particular chamada Biblioteca Memiana, que acabou espalhando-se pela Europa e tornou-se uma das melhores bibliotecas da cidade. 

A contribuição de Gabriel foi aconselhar quais livros eram úteis e como deveria ocorrer a organização, por esse fato a biblioteca ganhou fama por ser cuidadosamente ordenada.

Naudé também publicou: Instruction à la France sur la vérité de l'histoire des Frères de la Roze-Croix (1623); Apologie pour tous les grands personnages qui ont esté faussement soupçonnez de magie (1625); Advis pour dresser une bibliothèque (1627); De antiquitate et dignitate scholae medicae parisiensis panegyris (1628); Addition à l'histoire de Louis XI (1630); Syntagma de studio liberali (1632); Bibliographia politica (1633); Syntagma de studio militari (1637); Considérations politiques sur les coups-d'État (1939) e [Pentas] quaestionum iatro-philologicarum (1647). Em suas obras é possível observar suas críticas, quanto à tradição filosófica, moral e religiosa.

Teve grande notoriedade como bibliotecário, que além de ter trabalhado na biblioteca Memiana, também foi bibliotecário, secretário e chefe de mesa de Bagni (Giovanni Francesco Guidi di Bagno, cardeal italiano). 

Esse trabalho para Bagni rendeu ótimos contatos para Naudé, já que o cardeal italiano tinha uma reputação favorável entre os homens letrados da época. Foi também bibliotecário de Barberine (atuou por um período curto), Cardeal Richelieu e Cardeal Mazarino (biblioteca de Mazarino foi a primeira aberta em que não havia restrição de público).

Após seus grandes feitos, Naudé falece aos 53 anos, em 1653 à caminho da Suécia, onde trabalharia para a Rainha Cristina.

Naudé trabalhou para que a biblioteca fosse acessível a todos, queria também que os usuários pudessem efetuar pesquisas e serem recepcionados por bibliotecários hábeis e gentis, além disso não gostava daqueles que compravam livros para fins de ostentação. 

Fez parte de diversas academias da França e da Itália. Insistia que o aprendizado deveria ser sempre ativo, abominava sistemas de ensino que efetuavam um certo tipo de abuso (uso de força, punição corporal) com aqueles que estavam aprendendo e acreditava na afeição entre aluno e mestre. Certamente Gabriel Naudé deixou seu legado no mundo.

Trabalhou para o Cardeal de Bagni e Cardeal Francesco Barberini em Roma, e depois para o Cardeal Richelieu e Cardeal Mazarino, criando uma biblioteca que foi a base para a atual Biblioteca Mazarino. Percorrendo a Europa durante dez anos, ajudou Mazarino comprando mais de 40 000 volumes entre os quais se encontra uma formidável coleção de manuscritos. 

Naudé é célebre por ter redigido o Advis pour dresser une bibliotèque, que é o primeiro manual de biblioteconomia francês e mundial. Nesta obra ele propôs uma série de inovações nas bibliotecas que teriam uma grande repercussão posterior:
  1. Criação de um bibliotecário profissional. Segundo Naudé, deviam ser pessoas cultas com formação específica na elaboração de instrumentos bibliotecários de controle e ordenação de fundos a serviço da cultura e da ciência.
  2. Assentamento das técnicas de descrição bibliográfica, tanto para catálogos como para repertórios bibliográficos, para fazer frente ao crescimento das coleções; a memória resulta numa estratégia insuficiente de controle.
  3. Ordenação dos fundos por matérias.
  4. Dar preferência ao conteúdo do livro e não a sua aparência exterior (ideia já proposta por Leibniz em sua fase profissional de bibliotecário).
  5. Importância das instalações e da distribuição dos móveis: estantes afastadas das paredes, espaços iluminados por luz natural, os livros não mais estariam acorrentados etc...
  6. Necessidade de dotar as bibliotecas de um pressuposto permanente para a compra de livros, para ter uma coleção com o maior número de obras e autores.
  7. Abertura das bibliotecas ao público, estabelecendo horários de acesso, que seria a semente para o ressurgimento das bibliotecas públicas no século XIX.

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