Livro dos Espíritos - Cap. 1 - Item 4 a 9

 Provas da Existência de Deus 

  • Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus? 
Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem, e vossa razão vos responderá. 

Para crer em Deus basta lanças os olhos sobre as obras da criação. O universo existe. Ele tem, pois, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa, e adiantar que o nada pôde fazer alguma coisa. 
  • Que consequência se pode tirar do sentimento intuitivo que todos os homens carregam em si mesmos da existência de Deus? 
Que Deus existe. porque de onde lhe viria esse sentimento se ele não repousasse sobre nada? É ainda uma consequência do princípio de que não há efeito sem causa. 
  • O sentimento íntimo, que temos em nós mesmos, da existência de Deus não seria o fato da educação e o produto de ideias adquiridas? 
Se assim fosse, por que os vossos selvagens teria esse sentimento? 

Se o sentimento da existência de um ser supremo não fosse senão o produto d um ensinamento, ele não seria universal, e não existiria, como noções de ciência, senão naqueles que teriam podido receber esse ensinamento. 
  • Poder-se-ia encontrar a causa primeira da formação das coisas nas propriedades íntimas da matéria? 
Mas então qual seria a causa dessas propriedades? É preciso sempre uma causa primeira. 

Atribuir a formação primeira das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, porque essas propriedades são elas mesmas um efeito que deve ter uma causa. 
  • Que pensar da opinião que atribui a formação primeira a uma combinação fortuita da matéria, isto é, ao acaso? 
Outro absurdo! Que homem de bom senso pode olhar o acaso como um ser inteligente? Aliás, que é o acaso? nada. 

A harmonia que regula as atividades do Universo revela combinações e fins determinados e, por isso mesmo, revela a força inteligente. Atribuir a formação primeira ao acaso seria um contrassenso, porque o acaso é cego e não pode produzir os efeitos da inteligência. Um acaso inteligente não seria mais o acaso. 
  • Onde se vê, na causa primeira, uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências?
Tendes um provérbio que diz isto: pela obra se reconhece o artífice. Pois bem! Olhai a obra e procurai o artífice. É o orgulho que engendra a incredulidade. O homem orgulhoso não vê nada acima dele e é por isso que ele se chama de espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater. 

Julga-se o poder de uma inteligência pelas suas obras, nenhum ser humano não podendo criar o que produz a natureza, a causa primeira, pois, é uma inteligência superior à humanidade. Quaisquer que sejam os prodígios realizados pela inteligência humana, essa inteligência tem, ela mesma, uma causa, e quanto mais o que ela realiza é grande, mais a causa primeira deve ser grande.  Esta inteligência é a causa primeira de todas as coisas, qualquer que seja o nome sob o qual o homem a designe. 

Livro dos Espíritos - Cap. 1 - item 4 a 9.

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