Como as bibliotecas ajudaram os soldados nas duas Grandes Guerras

 


Para o exército americano as coisas mais essenciais nos dois conflitos mundiais foram suprimentos, soldados e bibliotecas. Nas duas guerras mundiais as bibliotecas não eram apenas solicitadas pelos soldados que participavam dos conflitos mas eram tratadas pelo exército americano como prioridades.



Durante as guerras as bibliotecas surgiam em todas as bases militares dos EUA e da Europa, essas unidades foram originalmente estabelecidas pela ALA ( American Library Association), sendo que no final da primeira guerra a associação transferiu o controle para o departamento de guerra americano. 

A ALA cooperou com a YMCA, Cruz Vermelha para fornecer serviços de biblioteca a outras organizações. Essas bibliotecas eram na verdade montadas em armazéns ou em cabanas de madeira, administradas por bibliotecários voluntários que viajavam para a Europa para cuidar do acervo.




Mais de 1.000 bibliotecários se voluntariaram durante a primeira guerra mundial, trabalhando para circular as coleções, adquirir novos títulos. Para muitos soldados as bibliotecas funcionavam como espaços para relaxar, ler livros, revistas ou jornais disponíveis. 

Muitos deles tiveram primeiro contato com livros, já que eram analfabetos. Os livros mais lidos durante os conflitos era livros de não-ficção e alguns clássicos como O Grande Gatsby.

A prática da biblioterapia foi utilizada para tratar soldados com síndromes pós-traumáticas, insônias, distúrbios psicológicos diversos comumente ligados a guerra. Muitas enfermeiras liam para soldados que ficaram cegos ou que estavam muito debilitados para fazerem isso sozinhos.

 

Mas houve um lado negativo nessas unidades de informação, muitos livros foram retirados dos acervos por serem ou parecerem pró-nazismo ou terem qualquer relação com a Alemanha. 

Nos EUA o departamento de guerra ordenou a retirada ou destruição de livros sobre explosivos, tinta invisível e cifras. E solicitou que todos usuários que solicitassem esse tipo de material tivessem seus nomes colocados em uma lista para o FBI investigar. 

A ALA enviou mais de 10 milhões de livros para os acampamentos das forças armadas durante a segunda guerra. Materiais de leitura foram enviados para o exército, marinha, aeronáutica, cruz vermelha, prisioneiros de guerra e até mesmo para um centro de realocação de guerra, um nome politicamente correto para centro de detenção dos cidadãos nipo-americanos. 

A ALA fundou a Biblioteca Americana em Paris para servir como parte de um memorial para Alan Seeger, poeta e filho de um líder de expatriados americanos. 

Na época a missão da biblioteca era ensinar e mostrar o avanço que os americanos faziam no campo da biblioteconomia. A biblioteca era símbolo dos EUA que se tornavam uma verdadeira potência mundial. 
Na segunda guerra mundial o propósito da biblioteca mudou, a biblioteca em Paris era a única que possuía livros em inglês e que permanecia aberta por conta de uma conexão controversa com Vichy. 

Quando os nazistas ocuparam Paris, a biblioteca só permaneceu aberta porque a Condessa de Chambrun, que tinha assumido o controle da Biblioteca após a bibliotecária ter voltado aos EUA, tinha casado seu filho com a filha do primeiro ministro Vichy, um aliado dos nazistas. 

Enquanto a biblioteca permanecia aberta a Condessa administrava um serviço clandestino de livros para patronos judeus. E assim, as bibliotecas tiveram seu papel preponderante durante os grandes conflitos mundiais. E a cada leitura encontro novas histórias sobre bibliotecários atuando na Segunda Guerra Mundial. 

Fonte Bibliográfica:
  • Oxford University Press Libraries. 
  • ALA History of Wars
Marcello Lopes

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